“ É
uma flor. Não uma flor de jardim que alegre quem a cultiva, ou mesmo
de um caminho perdido onde a veja alguém que passa. É uma flor de
um campo bravio e onde pôs gosto em morar. O mais provável era
ninguém a ver como muitas outras que ninguém vê. Terá vivido com
algum insecto? Leva-lhe a aragem o pólen para outra flor que o
espera? Mas é possível, simplesmente possível, que nasça e morra
sem mais. Olhei-a eu por acaso – porque é que nasceste? Mas não
lho perguntei porque toda a pergunta era absurda. Uma flor. Nascida e
morta sem razão, nem sequer a razão de alguém a olhar. Flor
gratuita e todo o seu mistério sem mistério nela. E toda a
filosofia da vida aí. “
- Vergílio
Ferreira