“Viajar!
Perder países!” - Mike Brodie vs Fernando Pessoa |
Linhas e Fotografias
(Imagem : Martim Whatson)
O
poeta Teixeira de Pascoes encontrou um dia uma senhora no Castelo de
S. Jorge meio especada e perguntou-lhe o que estava ali a fazer. Ao
que ela respondeu: “Estou aqui”. E ele , sem perceber nada,
perguntou se aquilo era resposta. Ao que ela retorquiu: “ e o
senhor acha que é pouco eu estar aqui!?”. Pascoais escreve que
isto foi uma revelação, maior do que tudo o que encontrou na obra
de Platão e outros.
(Era
isto que relatava Paulo Borges numa aula.)
“ É
uma flor. Não uma flor de jardim que alegre quem a cultiva, ou mesmo
de um caminho perdido onde a veja alguém que passa. É uma flor de
um campo bravio e onde pôs gosto em morar. O mais provável era
ninguém a ver como muitas outras que ninguém vê. Terá vivido com
algum insecto? Leva-lhe a aragem o pólen para outra flor que o
espera? Mas é possível, simplesmente possível, que nasça e morra
sem mais. Olhei-a eu por acaso – porque é que nasceste? Mas não
lho perguntei porque toda a pergunta era absurda. Uma flor. Nascida e
morta sem razão, nem sequer a razão de alguém a olhar. Flor
gratuita e todo o seu mistério sem mistério nela. E toda a
filosofia da vida aí. “
- Vergílio
Ferreira
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