“
As
mãos não são verdadeiras nem reais... São mistérios que habitam
a nossa vida... Às vezes, quando fito as minhas mãos, tenho
saudades de Deus... Não há vento que mova as chamas das velas, e
olhai, elas movem-se... Para onde se inclinam elas?... Que pena que
alguém pudesse responder! ... Sinto-me desejoso de ouvir músicas
bárbaras que devem estar agora tocando em palácios de outros
continentes... É sempre longe da minha alma... Talvez porque, quando
criança, corri atrás das ondas à beira-mar. Levei a vida pelas
mãos entre rochedos, maré-baixa, quando o mar parece ter cruzado
sobre o peito e ter adormecido como uma estátua de anjo para quem
nunca ninguém olhasse.”
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E.O.Hoppe vs Fernando Pessoa