Linhas e Fotografias

(Imagem : Martim Whatson)
O CHAPÉU

Era um dia de Setembro. Correntes de ar fresco arrefeciam o Verão. No Miradouro da Graça, um menino loiro – perfeita figurinha arrancada de um conto – corria atrás dos pombos com uma vivacidade de espantar. Quando desistiu, o vento levou-lhe o chapéu. Foi pousar na cabeça de um rapaz de pele escura que andava a mendigar por ali. Ao descolar os olhos do chão – coisa raramente vista! – uma nota caiu-lhe aos pés. O menino loiro voltou para dentro do livro, agora sem chapéu. Quem rapidamente se apercebeu da falta da palavra foi Beni, que ouvia a história pela segunda vez. O pai repôs a palavra perdida na frase a letras manuscritas e o nosso personagem retomou a figura original. Por fim, a menina adormeceu e o pai fechou o livro remendado à mão.